histórias do sobrenatural

Joana entrou no seu quarto de rompante e olhou em volta. Não havia nada. Era como se Tiago se tivesse evaporado da terra. A cama estava feita, a secretária tinha os livros arrumados mas faltava a computador. Olhou para a mesa de cabeceira dele e constatou que havia lá uma carta.

Joana leu-a em voz alta para se tentar convencer daquilo que lia:

-Joana, eu sei que durante este tempo todo fui um estúpido para ti. Sempre me apoiaste e amaste mas eu não soube retribuir e traí-te! Sim, eu sei que nunca me vais perdoar por isso portanto decidi mudar de vida. Quero deixar-me de espíritos e criaturas esquisitas. Quero começar de novo e quem me dera que fosse contigo… bom, quando a minha mãe chegar da excursão, avisa-a da minha partida. Não devo voltar tão cedo… portanto, espero que sejas feliz e que sigas o teu sonho de ser médica como tanto querias! Não te esqueças que eu sempre te irei amar mesmo que tenhamos destinos diferentes, terás sempre um lugar importante no meu coração. És aquilo que eu sempre tinha sonhado mas também aquilo que mais desejamos, não conseguimos certo? não tenho mais nada a dizer, apenas que adorava ter-te beijado uma ultima vez e sentir os teus lábios quentes, abraçado o teu corpo e ainda mais, saber se tinha mesmo sido perdoado. Amo-te muito Joana! Adeus …

Joana desatou a chorar convulsivamente como se lhe tivessem tirado a terra debaixo do chão. Como aguentar tal tristeza? Passou mais de meia hora deitada na cama dele a chorar sem fazer mais nada. Apenas pensando nos momentos que tinham passado juntos. De repente tudo se desvaneceu quando recordou a confissão de Tiago dizendo que a tinha traído varias vezes. Joana limpou as lágrimas, parou de chorar e foi para sua casa. Ele não fazia mais do que seu dever. Não iria voltar para Tiago em situação alguma por causa do que tinha feito. Ao entrar na cozinha da sua casa, disse à mãe:

-Ele foi-se embora!

-Han? Quem? Para aonde? – perguntou “mima” mas rapidamente se apercebeu do que a filah estava a falar - Ó filha!... Tu gostavas dele!

-Pois mas eu não admito traições, muito menos daquelas que duram e duram e dur…

De repente o telefone tocou. Joana correu a atender e alguém do outro lado disse baixinho:

-É da casa do caçador?

-Está a falar do meu pai de certeza, não?

-O Sr. Samuel? Sim é esse mesmo! Posso falar com ele?

-Só se a senhora falar com mortos! Ele morreu mas você pode dizer-me que eu talvez a possa ajudar.

-Você é caçadora…?

-Sim, às vezes… não diria de caçar patos mas é por aí…

A senhora riu mas o seu riso não durou mais do que dois segundos e voltou a sussurrar como se tivesse medo que alguém a apanhasse.

-Queria falar consigo em particular, será possível que venha à minha casa? Eu moro em Mem Martins!

-Com certeza, com todo o prazer! Estarei aí por volta do fim-de-semana.

-Então eu espero mais três dias! É mesmo urgente!

Os dias passaram-se até que finalmente chegou o fim-de-semana. Joana estava incrivelmente curiosa para saber qual o motivo que a levaria a Mem Martins. Mas no entanto havia algo que lhe assolava o pensamento: era Tiago. Para onde teria ido ele? Será que teria ele voltado para a doida da amante e finalmente acabado a sua história como “feliz para sempre”?
Depois de várias voltas num bairro com pouca gente encontrou a morada que a mulher lhe tinha indicado uns dias antes da sua chegada a Mem Martins. Bateu à porta mas esta estava aberta. Joana agarrou na sua pistola abriu completamente a porta mas afinal, não era nada de surpreendente ou assustador que exigisse armas, era apenas uma senhora por volta de 40 anos a chorar no sofá. Joana acorreu em seu auxilio, largou a arma em cima da mesinha e consolou a senhora que parecia aterrorizada. Embora se sentisse mais reconfortada, a senhora ao ver a pistola ficou paralisada. Seria aquela rapariga quem?

-Quem é você?

-A Joana, a filha do Samuel! Que se passou? Porque chora tanto? Digamos que todo este mistério me deixou muito curiosa!

-Eu pedi-lhe para a senhora vir cá, para… - limpou as lágrimas e num suspiro profundo continuou - para que a menina me mate o meu filho!

Joana ficou sem reacção. Naquele momento, toda a sua moral, ética e sentimentos pararam de circular. Porque estaria a mulher a pedir-lhe aquilo? Será que o pai dela além de caçar cenas sobrenaturais também matava por encomenda? E mais, porque queria ela matar o filho?

Meus amigos, como devem saber, esta história está em recta final e portanto faltam cerca de 2 capitulos para acabar finalmente esta história tão misteriosa, confusa e aliciante entre Tiago e Joana está a acabar mas nao se preocupem... podem sempre visitar o meu outro blog do teens stories que vai estrear uma nova história e os blogs da Yasmin Krugler *.*

http://syntethicarcadia.blogspot.com/

http://refusetolive.blogspot.com/

Esta Ultima está ainda a receber retoques xD

Pouco depois a polícia chegou e Renato acabou por ser preso. Tiago e a mãe de Joana voltaram para casa e entretanto esta foi fazer um telefonema.

-A quem esteve a telefonar?

-A uma bruxa! E não te aflijas, ela é das boas! Vai fazer com que vás ao mundo dos mortos e irás descobrir a Joana! Fá-la acreditar que tudo aquilo que ela sonha é mentira e ela voltará a acordar e quanto a ti… tens cerca de 1 hora desde que te tornas num morto portanto vê lá…

Não demorou muito até que a essa tal bruxa chegasse. Tiago sofreu um imenso torpor ao sentir a sua presença na sala. Tinha uma enorme influência perante o ambiente de tudo e o estado de espírito de todos.

-Olá, tudo bem contigo?

-Mais ou menos, a minha filha, a Joana precisa de ajuda e eu preciso que este rapaz, o Tiago vá morrer por alguns instantes…

-Olá meu querido, eu sou a Samanta e isto não vai doer nada… - disse Samanta virando-se para Tiago.  – senta-te aí!

Começou a falar em latim palavras que Tiago não conseguia compreender. Seria alguma espécie de língua derivada do latim?

-Pronto já está! – disse Samanta sentando-se na cadeira ao lado de Tiago.

Tiago levantou-se e achou estranho. Não tinha acontecido nada.

-Desculpe mas eu continuo vivo!

-Não, olha para trás…

Tiago olhou para trás e viu o seu corpo estendido sobre a cadeira onde outrora tinha estado sentado e ficou chocado.

-Vai rapaz, vai ter com a Joana!

-E o que eu faço quando chegar lá ao pé dela??

-Logo saberás…

Tiago ficou a olhar para Samanta e depois desatou a correr rumo ao hospital. Parecia que tinha asas, tal como um anjo, e de repente começou mesmo a voar. Por baixo dele várias pessoas andavam atarefadamente de um lado para o outro no seu quotidiano normal e ele ali andava morto e a voar sobre a vila. De repente olhou com mais atenção e viu muitas pessoas com roupas antiquadas. “Mas que raio…” pensou ele desconfiado. Foi então que viu uma mulher vestida com um vestido típico do século dezoito a trespassar uma outra mulher que ía a falar ao telemóvel. Nesse momento fez-se luz na sua cabeça: eram espíritos que permaneciam na terra, porque por um motivo ou outro tinham de resolver algo que não conseguiram antes de morrer.

Ao fundo já se conseguia ver o hospital. Deitou uma olhada ao relógio da igreja e constatou que tinha passado 10 minutos desde que tinha morrido. Entrou dentro do hospital numa correria incessante. E achou bastante estranho o facto de ninguém reparar nele, já que aos olhos dos outros que estavam vivos ele não existia. Se o vissem com aquela cara esbranquiçada com atitude de louco provavelmente haveria um ataque de pânico perante todos os funcionários que trabalhavam àquela hora nas urgências. Entrou dentro da sala de Joana, agarrou na mão dela com força e fechou os olhos. Foi então que entrou dentro dos sonhos dela e ouviu um grito de pânico. Olhou em volta e reparou que estava em casa de Joana ou pelo menos naquilo que ela tinha memorizado como casa. De repente viu-a vir a correr espavorida e atrás dela um ceifeiro de almas pronto a sugar-lhe a alma.

-Tiago! Ainda bem que aqui estás! Ajuda-me porque ele não me larga! À bocado até apareceu aqui dentro um “rugaru” que me queria comer viva!

-O que é isso?

-Eu depois explico-te! Só te digo que foi uma coisa que o meu pai apanhou à uns anos atrás e acho que já estão extintos de vez… vá corre!

-Joana! Eu não vou correr! Este ceifeiro é imaginação tua! Com certeza que não encontraste as tuas armas que tens aqui em casa pois não?

-Não! Mas como sabes?

-Porque tu estás a viver um pesadelo! Isto que tu estás a ver não é real! É um sonho e tu tens de acordar imediatamente!

-Mas como?

-Dá-me a tua mão, fecha os olhos e convence-te que tudo isto é mentira! Vais ver que quando acordares estarás numa cama de hospital e eu não estarei ao teu lado porque também tenho de ir salvar o Jorge!

-O Jorge… pois é! Que estupidez, como é que eu me esqueci que estava a investigar um caso e de repente apareço em casa sem mais nem menos…

Joana agarrou na mão de Tiago, fechou os olhos e acordou. Tiago estava ao seu lado mas ela não o conseguia ver. Ele mais aliviado correu para o quarto de Jorge e viu que os médicos o estavam a reanimar. Sem pensar agarrou na mão dele e entrou dentro do sonho dele. Neste caso, estava mais difícil. Era de noite e estavam em plena mata. Ouviu alguém a gritar mas o grito parecia tão sumido que Tiago até pensou ser algum animal desconhecido. Olhou em volta e gritou:

-Jorge, eu estou aqui grite!!!

Foi então que ouviu o barulho das ervas a mexerem-se e um gemido. Correu para o sitio um pouco às cegas pois era noite escura e viu que Jorge estava a ser estrangulado por um espírito. Tiago atirou-se para cima do espírito e começou a lutar com ele. Escusado seria dizer que Tiago tinha uma extra força por ser um espírito também e conseguiu alguma vantagem quando atirou aquele espírito contra um pinheiro ali presente.

-Jorge! Aquilo que você está a viver é um pesadelo! Tudo isto que você vê não é real! Por amor de Deus se você acreditar que isto é tudo um pesadelo conseguirá sair daqui porque… ai!

De repente Tiago foi apanhado pelo pescoço e erguido no ar. Jorge fechou os olhos com força. Também ele achava estranho o facto de naquela vida real estar sempre a sofrer e a quase morrer por causa de pessoas que já nem sequer existiam. Foi então que os gemidos de Tiago desapareceram e deram lugar a uma enorme brancura. Estava no hospital. Realmente o rapaz tinha razão!

Tiago embora invisível aos olhos de Jorge permanecia ao lado da cama ainda a recuperar dos socos e do apertão no pescoço que tinha levado. De repente olhou para o relógio que estava por cima da porta de entrada do quarto. Faltavam 5 minutos! Se ele não chegasse a tempo a casa de Joana talvez morresse.

-Eu não vou conseguir chegar! Eu espero que ela diga as palavras “mágicas” e eu acorde já lá!

No entanto mesmo assim começou a correr em direcção a casa. Olhou para o relógio da igreja e reparou que estava na hora. Sentiu um imenso torpor e o sol parecia estar-lhe a sugar a alma.

-Ó meu Deus! Vou morrer para sempre!!!

Foi então que foi como que transportado até casa de Joana e caiu por cima do seu corpo na cadeira. Retomou o seu corpo, já vivo, e olhou para Samanta espantado.

-Como é que cheguei aqui tão depressa? Num momento estava ali e agora estou aqui…

-Eu disse uma hora! Se não tivesses chegado, eu ter-te-ia acordado de novo! Mas não te poderia voltar a adormecer… a última pessoa que me pediu para o fazer acabou no cemitério à segunda tentativa!

Tiago caiu no sofá para tentar dormir mas não conseguia. O medo de ter um pesadelo no seu sono perturbava-o a todo o instante. No entanto acabou por adormecer. Tal não tinha sido o esforço que fizera.

Joana no dia seguinte voltou para casa bem como Jorge. Antes de se fazer à vida veio agradecer a Tiago e Joana o que tinham feito mas tal não aconteceu. Joana estava em casa mas Tiago não. Parecia que tinha desaparecido.

Devido à minha falta de tempo para me dedicar aos blogs devido às aulas devo retomar a história do sobrenatural apenas nos meados de junho para conseguir acabar a história. Para todos os efeitos quem pretende esperar um pouco não se deve importar e seguir o rumo da nova história que eu vou publicar no teens stories (um dos meus outros blogs). a nova história chama-se Irmãs de sangue. Para saber mais informações vão ao blog e logo descobrirão mais sobre...

Bom, beijos e bom resto de férias da páscoa!!!

Joana durante duas semanas recusou receber Tiago em sua casa. Estava completamente furiosa com ele. “Ele que vá ter com a outra se tem saudades!” pensava ela convicta de que estava certa. No entanto continuou a procurar casos para resolver mesmo que não tivesse o seu parceiro. Foi então que num dos jornais locais encontrou uma notícia muito pouco normal: um homem morreu de causas desconhecidas após ter estado num jantar com antigos amigos de escola. Uma testemunha que afirmou saber algo sobre a morte desse homem acabou por ir parar ao hospital e mesmo este não tinha uma doença normal. Estava a dormir há mais de uma semana sem lhe terem detectado qualquer anomalia cerebral ou qualquer outra doença. Apenas tinha adormecido e nunca mais acordado. Joana começou a investigar e…

Tiago decidiu ir a casa dela. Tinha muito tempo e ele mesmo já se tinha massacrado o suficiente por ter feito aquilo que fez, foi então que entrou pela janela do seu quarto e viu a mãe dela.

-Olá… onde é que está a Joana?

-No hospital! Está a dormir profundamente há mais de três dias e eu não encontro explicação para isso! Bom, eu acho que tu sabes que eu já fui caçadora também, não?

-Sim, sim… eu soube disso senhora…

-Trata-me por Mima. Era como ela me chamava e tu já fazes parte da família mesmo tendo feito aquilo que fizeste a ela. Olha, és capaz de descobrir o que ela andava a procurar na net? Eu não percebo nada disto!

Tiago começou a pesquisar no histórico do computador e exclamou:

-Andava a investigar um gajo que está exactamente como ela está! Ficou assim depois de um jantar com antigos amigos da escola! Será que ela investigou um deles e…

-Envenenou-a?! Muito provável, só temos é de descobrir quem e que tipo de droga lhe deram. A minha filha não vai ficar a vida inteira agarrada à cama!

-Ora bem, então investiguemos! Na mesa onde ele estava pelos vistos os três melhores amigos!

-Pode um deles o ter traído!

-Ora aí está, se eu entrar nos registos da polícia talvez encontre algo…

-Registos da polícia? Vocês são hackers?

-Ham… mais ou menos… mas você no seu tempo não o fazia?

-Quando recorria à polícia era mais do estilo… assaltar esquadras mas pronto!

-O quê? – Exclamou Tiago completamente chocado com aquela revelação. Nunca lhe tinha passado pela cabeça que a mãe de Joana antigamente no passado teria alguma vez andado a assaltar esquadras de policia

. – Aqui está! Encontrei um registo. Um deles, um tal de Paulo Macedo esteve envolvido na morte de um ex-colega de escola, um Miguel Sousa mas nunca foram encontradas provas de que era culpado… ah mas não era só ele… era também este gajo que está na cama de hospital, o Jorge! Ah aqui também um envolvido… o irmão do Paulo Macedo… um tal de Renato! Eu já ouvi este nome em algum lado men!

-Pois mas agora não interessa! Vamos mas é lá à casa desse tal Paulo!

Entraram pela casa adentro do pobre rapaz e sem mais nem menos encostaram-no à parede e obrigaram-no a falar. Paulo ao ver aqueles dois loucos ficou de boca aberta. “Mima” começou a revistar a casa. Nada de chás nem ervas fora do normal.

-Bom, este parolo não tem nada… a erva mais perigosa que ele tem é urtigas no canteiro!

-Vocês estão à procura de ervas do quê?

-Um amigo seu , o Jorge, está a dormir numa cama de hospital não está? A gente está a procurar a erva que o envenenou!

-Mas vocês pensam que eu tentei matá-lo ou adormecê-lo para sempre?

-Você é um dos suspeitos!

-Porquê??

-Porque se calhar o gajo ‘tá no hospital queria-se chibar sobre quem realmente matou o vosso colega, o Miguel! Afinal vocês têm cadastro por causa disso!

Paulo abriu os olhos de espanto e ia para dizer algo mas fechou imediatamente a boca.

-O que ias dizer?!

-Nada…

-Fala! – Ordenou Tiago agarrando-o pelos colarinhos e elevando-o no ar como um saco de batatas. O pobre homem quase a sufocar exclamou:

-O Renato…

Tiago largou os colarinhos de Paulo e teve um flash. Agora já se lembrava nitidamente de quem era esse tal Renato: fora quem organizou a o jantar de antigos colegas de escola! Assim tinha margem de manobra para drogar o Jorge que estava a dormir profundamente. Devia ter feito algo que o teria feito querer falar com a polícia e contar a verdade sobre a morte do tal Miguel Sousa.

-Foi o teu primo Renato que matou o Miguel não foi?

-Ham… foi! Eu e o Jorge, o que está a dormir… escondemos isso da policia só que o ele e o Renato tiveram um desentendimento e talvez ele tenha feito algo ao Jorge!

-Pois e por isso a minha namorada também paga não é?

-A tua namorada?

-Sim, ela também foi envenenada por algo que a fez dormir profundamente!

Dito isso, Tiago saiu porta fora e foi procurar a casa de Renato. Estava completamente sedento de vingança e não pensava em mais nada senão curar Joana! Não demorou muito a encontrar a casa onde Renato vivia, não pensou duas vezes e entrou pela casa dentro arrombando com toda a força. Agarrou nos colarinhos da primeira pessoa que encontrou pela frente e berrou que nem um louco:

-ÉS O RENATO?

-S…So…Sou!

-Foste tu que fizeste aquilo à Joana não foi? Diz-me antes que te rebente com essa cara toda!

-Meu amigo… a tua amiga apenas meteu o nariz onde não lhe era chamado e agora tem aquilo que merece!

-Como é que se chama a cena que lhe deste?

-Chama-se chá de azáleia e não é um chá normal!

-Pois não – disse a mãe de Joana entrando pela porta assustada – ela está num estado de post mortem! Ou seja, está a dormir mas a ter pesadelos! Pesadelos que a podem levar à morte! A única forma de a tirar deste adormecimento é…

-Diga-me! Eu faço tudo por ela!

-Tens de morrer!

Tiago ficou a olhar para a mãe de Joana boquiaberto. Como faria isso? Pouco depois chegou Paulo que olhou Renato com desprezo.

-Como pudeste fazer isto?

-O Miguel morreu sem crer, pensávamos nós e afinal tu és um assassino! Sabias que o Jorge sabia de tudo e não o hesitaste em mantê-lo “fora de jogo” com esse chá que o meteu na cama de hospital, não foi? Pois bem, vais parar à prisão que é isso que mereces

 Passou alguns dias e não havia sinais de demónios, anjos ou criaturas para matar, nem sequer os tão queridos e adorados espíritos que Joana adorava caçar. Foi então que recebeu um e-mail de Ana:

“Querida Joana… venho por este meio, porque a minha filha está doente e o meu telemóvel matou-se contra a parede para te informar de uma casa assombrada nos arredores de…”

Joana leu o e-mail com toda a atenção e depois transmitiu a Tiago.

-Então quer dizer que, o gajo casou-se e foi sempre infiel à mulher! – Exclamou Tiago de boca aberta.

-Sim… trazia as amantes que eram amigas da mulher para sua casa, até que a mulher que sabia de tudo enlouqueceu de ciúmes e telefonou a todas as amantes para virem a sua casa. Resultado… matou-as a todas, matou-o a ele e matou-se a si própria. Agora sempre que um homem entra naquela casa, caça-o e é morte certa!

-Eu sou um homem que não resiste a um espírito atraiçoado! Bom… quem a manda ela casar-se… ela sabe bem que “Quem casa quer… caçar!” Ou caçar homens indefesos como eu! – Ironizou Tiago à boa moda do gozo voraz que tinha sobre as coisas sobrenaturais.

-Ela só mata os homens que traem as namoradas…

-A sério? Como é que ela sabe??

-Olha da mesma maneira que não sabes explicar muita coisa do mundo sobrenatural!

Nessa mesma noite depois de muito discutirem decidiram partir em busca da tal casa assombrada. Pelo caminho começaram a falar do passado vivido entre ambos.

-Já reparaste que não festejámos o ano novo?

-Sim… lembraste da nossa primeira caçada juntos?

-Sim… o transfigurador… traz-me às memorias o meu pai…

-E o meu…

De repente um silêncio pesado fez-se sentir mesmo estando o rádio a tocar em altos berros música dos AC/DC. Não demorou muito até que encontraram a casa. Quem a visse considerá-la-ia uma casa nova excepto a parte em que as ervas altas circundantes entristeciam e tapavam as paredes da casa. Estava embrenhada no meio do mato, não muito longe de uma estrada local. Tiago saiu do carro e foi até ao porta-bagagem. Joana seguiu-o um pouco interrogativa.

-Estás a tremer… pálido, nervoso… o que se passa afinal?

-N…nada!

Depois de ambos agarrarem em duas espingardas de sal-gema, seguiram até à porta daquela enorme casa abandonada. Tiago estava prestes a rebentar com a porta quando, esta abriu-se de rompante sozinha. Lá de dentro saiu um rapaz com cara de terror correndo como um louco e caindo nos degraus do telheiro que dava acesso à porta de entrada.

-Hey! Calma… porque estás tão assustado?

-Levaram a minha… minha… namorada!

-Quem??

-Sei lá, uma mulher com 20 e tal anos!

-É o fantasma da mulher! Espera lá, não apanha só homens?!
-Pelos vistos não… vá, vamos lá apanhar esta coisa Tiago!

-V…Vamos! Mas vamos precisar de tempo para encontrar algum pedaço de cabelo, unhas… até porque o corpo dela foi cremado!

O rapaz seguiu Tiago e Joana um pouco a medo e permaneceu em silêncio absoluto. Joana virou-se e olhou fixamente para o rapaz.

-Olha, faz um circulo com este sal – disse ela estendendo a mão com um saco de sal – e mete-te lá dentro! Já agora, como te chamas?

-Hélder, agora ajudem a minha namorada!

De repente o espírito apareceu e Joana e Tiago que entretanto se tinham esquecido das armas em cima da mesa da cozinha saltaram para dentro do círculo onde estava Hélder. O espírito aproximou-se do círculo de sal e levantou a perna para pisar o risco. Tiago sorriu confiante de que o espírito não iria ultrapassar o risco mas enganou-se redondamente! O espírito não só pisou o risco como ainda os olhou entre curioso e esfomeado. Joana ficou de boca aberta e percebeu o que realmente de passava quando na sala apareceu outro espírito, este apontou para Tiago e gritou:

-Ele é traidor… mata-o!

O espírito que tinha pisado o risco virou-se para o outro e disse rindo-se:

-Sim, mãe!

Joana correu para a arma e disparou contra o espírito que tinha aparecido em ultimo lugar.

-O que estás a fazer Joana?

-Eu percebi… aquela que pisou o risco é uma humana, é a filha da mulher que se suicidou! E aquela é a mãe dela que pelos vistos manda a filha matar todos os traidores… espera lá, ela chamou-te traidor!

-Percebeste mal…

-Não, eu percebi bastante bem! Tu traíste-me com quem?

Joana fora de si ergueu-o no ar e atirou-o contra a parede. Esmurraçou-o com toda a força e não deixou ele sequer dizer uma palavra. Antes que se pudesse sequer levantar, ela atirou-o pela janela com toda a sua força sobrenatural que persistia no seu corpo.

-Foi com a Cátia! – Gritou ele lá da rua, ainda gemendo de dores.

-Quem é essa?

-Foi uma ex-namorada com quem eu me encontrei quando não estávamos juntos!

-E foi antes de voltarmos ou durante?!

-As duas coisas! Várias vezes!

Joana enlouqueceu e não conseguiu suportar os ciúmes que tinha. Ergueu-o no ar e espetou-o de novo contra a parede deixando-o suspenso no ar a sufocar. Entretanto a filha do espírito saiu pela porta para atacar Joana e esta largou Tiago por alguns segundos. Rebolaram pela escada abaixo da rua e Joana tentou largar-se daquela humana imunda que a tentava paralisar esfomeada por carne humana. Tiago tentou respirar, levantou-se de rompante e retirou do bolso a sua hell gun atirando contra a rapariga que tentava num acto suplicante fazer a sua comida parar quieta.  Esta caiu sobre o chão estrebuchando com toda a sua força para tentar viver mas foi em vão.

-Tiago? Tu mataste-a? Era uma pessoa… era humana!

-Todos nós cometemos erros não é? Não me critiques!

De repente o fantasma da mãe dela vendo a sua filha morta atira-se contra Tiago tentado matá-lo. Joana ficou estacada a olhar. Onde iria ela procurar um bocado de resto mortal daquele espírito? Foi então que lhe surgiu uma ideia. Foi até ao corpo da “canibal” e procurou por entre os bolsos ressequidos, um pequeno cabelo ou pedaço de unha que fosse e acabou por encontrá-lo. Agarrou no isqueiro e lançou fogo ao pedaço de cabelos que estava enrolado num lenço velho e com efeito o espírito desapareceu. Tiago já roxo de tanto ser sufocado rebolou pelo chão fora de um lado para o outro procurando ar. Demorou bastante tempo até que recuperasse o fôlego. Joana recuperou o fôlego e virou as costas a Tiago que ficou pior do que estragado. 

 O anjo depois de algum tempo a falar em latim, debruçou-se sobre Joana, abriu-lhe a boca e encostou os lábios dele aos dela. Tiago entre esperançado e furioso devido aos ciúmes lá se debatia para não dar uma coça ao gajo. Passados alguns segundos Joana voltou a respirar. Ricardo foi imediatamente buscar o aquecedor e as mantas porque esta, passadas tantas horas de morte encontrava-se já enregelada pelo frio de inverno e por já não respirar. Tiago ficou um pouco desconfiado. Embora estivesse feliz por a namorada voltar a reviver o anjo recusou-se a explicar como o fez. Mesmo assim depois de Joana se sentir melhor e o anjo estar prestes a ir-se embora Tiago fez uma última tentativa:

-Como é que vocês voltaram a fazer a Joana reviver?

-Da mesma maneira que os demónios entram no corpo de pessoas mortas e tomam o seu lugar…

Dito isso abandonou o local se mais demoras. Tiago ficou ainda mais confuso. Que é que tinha os demónios a ver com a maneira como Joana tinha revivido?

-Passa-se alguma coisa Tiago? – Perguntou Joana ainda a tremer de frio.

-Nada… - E de repente abriu os olhos. Tinha encontrado a ligação daquela frase e descobria agora o que o anjo queria dizer e ficou pasmado. Ainda reconsiderou em contar a Joana mas depois acabou por desistir. Era muita areia para a sua camioneta. Depois de jantarem em casa de Ricardo e Ana vieram para casa de Joana. Esta ao chegar a casa mandou as mantas para cima do sofá e disse descontraidamente:

-Diz-me que eu aguento!

-Hã?

-Diz-me como é que o anjo conseguiu que eu voltasse a reviver! Ele não o pode fazer… só com uma ordem do seu superior!

-Então… olha Joana… quando uma pessoa está possuída por um demónio a gente mete essa pessoa dentro de um circulo com um pentágono e diz uma reza para ele sair de dentro dessa pessoa em forma de nuvem escura certo?

-Sim…?

-Ora a Ana fez o mesmo a ti… logo o teu sangue ficou “limpo” e se veres bem… as marcas que tens nas costas que foram gravadas pelo demónio desapareceram por completo… aquelas pequenas cicatrizes! Ele deu uma parte dele para ti!

-Hã?! – Disse ela de olhos abertos tentando não pensar no que era o óbvio.

-Porra Joana, tu estás a utilizar a vida do anjo! Do anjo ou da pessoa que ele “possuiu” para poder andar na Terra! Mas eu apostava que era a vida dele!

-Então… sou um anjo?

-Eu tenho quase a certeza que sim… só que um anjo comprometido! – disse Tiago aconchegando-se nos braços de Joana, sentado ao lado dela no sofá.

-Olha lá… escusas de estar com rodeios… se queres fazer amor já te despachavas… é que eu quero dormir!

-Olha… que simpática que tu estás hoje! Conto-te uma cena e nem preocupada ficas… eu vou-me mas é embora… só te interessas por sexo!

-Eu? Tu é que te estás a chegar… e eu não tenho de estar preocupada porque estou viva e estou aqui contigo! E se morresses, ía contigo entendes?

Dito isso agarrou-se a Tiago e abraçou-se fortemente ao seu enorme tronco musculado. Aquelas palavras tinham tocado o mais íntimo de Tiago. Não era muito dado a conversas nem tão pouco a dizer ou ouvir coisas tão queridas como aquela e deixou escapar uma lágrima dos seus olhos que bombearam lágrimas por causa do aceleramento súbito do seu coração.

Ficaram no sofá aos beijos. Ambos sentiam que aqueles beijos eram mais especiais do que os anteriores dados, mais especiais do que o primeiro trocado entre os dois. Era como que os lábios de ambos se encontrassem pela primeira vez e que aquele amor era mais puro e real que nunca. No entanto aquele ardor dos lábios ferventes de Joana persistia fazendo com que Tiago apreciasse cada beijo quente e húmido.

Na manha seguinte Joana ouviu alguém chamar. Levantou-se de rompante e tentou perceber de onde vinha aquele chamamento.

-Tiago… estás a ouvir alguém a chamar-me?

-Não… não oiço nem uma mosca amor!

-Mas quem me está a chamar está perto… - disse ela tapando os ouvidos – é de dentro da minha cabeça!

Mais atentamente escutou: “encontramos a Liliana… abre as asas e voa!”. Como poderia Joana voar? Foi até à varanda do sótão instintivamente e abriu os braços. Tiago veio a correr atrás dela mas já não a apanhou. Simplesmente desapareceu! O que realmente tinha acontecido era que Joana voara mesmo! As suas asas de anjo eram impossíveis de serem vistas pelos outros humanos e depois de iniciar o seu voo deixou de se conseguir ver como todos os anjos que durante anos e anos voavam sobre o mundo inteiro e não eram vistos nem intervinham em acidentes ou desastres naturais para ajudar.

As suas asas seguiam caminho sem rumo. Nunca tinha voado na vida e estava nervosíssima com aquela altura aterrorizadora por isso fechou os olhos e sentiu a brisa gelada a passar-lhe pelos seus cabelos compridos e encaracolados mais escuros que nunca. Chegou até a um armazém velho. Aterrou suavemente no chão e entrou. Lá dentro estava Liliana fechada dentro de um pentágono circunscrito numa circunferência. Quando viu Joana entrar, pensou estar a delirar.

-Mas… Tu morreste! Eu própria me encarreguei disso!

-Com que então aquelas falinhas mansas do… “eu já fui humana e por isso mesmo não quero que o inferno tome conta deste mundo” era tudo mentira??

-Claro! Se assim não fosse, não conseguiria a vossa confiança… mas agora eu estou muito mais descansada… já não tens aqueles poderes demoníacos que te foram dados portanto não podes nada contra mim!

-Eu posso não ter nada contra ti mas… a faca que tu me deste… disse-me mesmo agora que tinha umas dividas para saldar contigo!

-Com ferro mata, com ferro morre! – Disse o anjo que tinha feito Joana voltar à vida.

Espetou a faca bem no coração de Liliana e deixou sangrar até esta deixar de espernear e o seu fumo escuro derramar sobre o chão e arder automaticamente. Voltou para casa sem nada dizer, o que deixou Tiago desconfiado.

-Já a mataste, não foi?

- Sim… se é isso que queres saber… sim!

-Como é que desapareceste do sótão?

Joana contou tudo a Tiago e este ficou boquiaberto mas nada disse. Iriam aproveitar aquele domingo da melhor maneira possível e principalmente… o mais Humanamente possível!!!

 Ricardo ficou estupefacto com a história. Sentou-se no sofá, tão pesadamente que acabou por se enterrar nele. Toda aquela história como todas as outras, o ultrapassavam a mente. De repente Liliana entrou pela casa dentro avisando-os prontamente que os demónios se tinham reunido na igreja.

-Eles estão prestes a fazer o ritual para trazerem de volta à vida um dos demónios que irá ajudar… aquele demónio que te quer matar!

-O quê?! Então quer dizer que esse tal demónio de que me falaste à alguns tempos atrás está lá?

-Sim! Rápido… Vamos lá…

E desapareceu. Ana agarrou no amuleto que possuía o seu dom e apertou-o contra o peito. Passados alguns segundos a sala inundou-se de luz branca, o colar trespassou o corpo de Ana deixando-a caída no chão. Voltou a si poucos segundos depois mas estava com os olhos brancos, tal como o anjo que Joana conhecia. Logo em seguida correram para a igreja nem mais demoras e entraram em silêncio absoluto. Uma enorme nuvem escura estava reunida em volta de um pentágono desenhado no chão com magia negra e mais alguns pós. Joana olhou para os lados e não viu Liliana. Contou os demónios e realmente eram 29 mas faltava um. Joana achou estranho mas nem ligou.  Ana entretanto ponderou se devia ou não seguir para a frente com aquilo e apareceu no corredor central. Os demónios ao sentir a presença de um ser de Deus viraram-se e deram de caras com Ana. Esta ajoelhou-se no meio do corredor e elevou a sua voz num grito. Da boca dela, saiu uma luz branca e intensa, tão intensa que inundou a sala e eliminou todos os demónios de uma só vez. Tiago passados alguns minutos quando voltou a conseguir ver. Antes de se deparar com o cenário que o esperava resmungou:

-Raios parta… só eu é que não deito luz! Quem é que me manda andar entre anjos e demónios… quem??

Olhou para a frente do átrio e Ana Margarida estava desmaiada no chão.

-Ó Joana? Vamos ajudá-la…

De repente ao olhar para Joana ela jazia no chão sem qualquer reacção. Ajoelhou-se ao pé dela e agarrou-lhe na cabeça. Tentou sentir pulsação e respiração e nada. Entrou em desespero e começou a chorar.

-Joana! Joana por favor fala comigo… tu não podes morrer… aiiii… JOANA!

Ana depois de vários minutos sem reacção voltou a si e levantou-se. Olhou e viu Tiago a berrar que nem um louco agarrado a Joana e percebeu o erro que tinha cometido ao deixar Joana vir com ela: Joana era um demónio portanto estava morta! Toda aquela luz acabou com o sangue que lhe corria nas veias, sangue de demónio. Correu para o pé de Tiago e ajudou-o a levar Joana para sua casa. Lá, Ricardo esperava ansiosamente por notícias e quando viu Joana sem vida ficou em pânico. Era uma das suas melhores amigas desde infância.

-E agora? Eu tive toda a culpa do que aconteceu… porquê?! – Perguntou Ana com lágrimas nos olhos - Eu jurei que nunca mais seria um anjo…

-Perdoamos o teu erro… mas tens de nos devolver o dom já! Já cumpriste a tua missão por agora… - disse o anjo chegando sorrateiramente.

-A minha missão era matar 30 demónios, não era matar a Joana!

-Mas tu mataste 29 demónios! – Disse o anjo – o trigésimo tratamos nós…

O anjo esticou a mão em direcção de Ana e esta abriu a boca e deixou sair a luz branca na sua direcção, a mesma que lhe entrara pelo coração dentro em forma de amuleto.

 Ana voltou a cair ao chão completamente arrasada e por ali ficou durante largos segundos a repensar no que tinha acontecido a Joana. O anjo virou-se para Tiago e com expressão fria lhe pediu para largar Joana que permanecia fria e sem qualquer reacção.

-Eu sou o maior idiota e… vocês deviam salvá-la!

-Primeiro vos aviso que descobrimos o verdadeiro plano daquela dita reinvocação de um demónio na igreja…

-Então diga-nos já! – disse Ricardo que permanecia à distancia ainda um pouco abalado. O anjo depois de uma volta ao pé da janela e observar todo o jardim voltou os olhos para dentro e disse numa calma quase surreal:

-Vocês têm sido ajudados pelo demónio que vos quer matar!

-A Liliana era o demónio que queria matar a Joana?!

-Sim! Mas não tinha força suficiente e então teve a excelente ideia de reunir alguns inimigos seus, os demónios da igreja, para trazerem de volta à vida um outro demónio, que pelos vistos era fictício. Desta maneira, como já sabia que a Ana tinha sido um anjo, fez com que a Joana viesse atrás da Ana para a proteger mas ela acabou por matá-la sem crer…

-Mas agora a Liliana está a monte…

-Não por muito tempo! Os anjos andam atrás dela… mas vamos deixar o prazer de a aniquilar, para a Joana!

-Mas ela está morta e ainda por cima é um demónio…

-Ela é a única que nos pode salvar do apocalipse!

 Joana passou o dia inteiro a tentar encontrar a maneira de apanhar 30 demónios de uma só vez. Liliana avisara-a de que o seu poder não seria suficiente e nem mesmo com a “hell gun” e a faca se conseguiria derrotá-los, sendo os mais poderosos, eram precisas armas poderosas.

-Anjos! – Berrou Joana batendo com o punho no teclado do computador.

-Um anjo, Joana? Vais chamá-los como?

-Muito simples!

Joana foi buscar um crucifixo de ouro e ajoelhou-se no chão.

-Ora vamos rezar… anjo da guarda rezai por… ou será rogai por nós? Devia ter ouvido a minha mãe quando me tentava ensinar a rezar!

Tiago riu-se mas logo parou porque o anjo apareceu mesmo.

-Precisam de me chamar assim? vocês têm um anjo mais perto de vocês do que imaginam… depois digam-lhe para devolver o dom!  - disse ele mandando um pedaço de meteorito para o chão.

-Mãe de Deus! Para que raio quero eu um meteorito?

-P’ra dares ao anjo! – Disse Liliana entrando de rompante – Bolas! Ainda cheira a anjo! Que horror!

-Hã???

-Se partires essa coisa, está lá dentro uma espécie de amuleto que é o “Dom” que o anjo tirou para se transformar em humano!

-Os anjos podem ser humanos?

-Sim! Normalmente depois de tomarem a decisão de o ser, caem do céu juntamente com o dom que é o meteorito. Neste caso este meteorito caiu à 19 anos aqui perto logo o anjo tem 19 anos!

-Tu sabes quem é o anjo?

-Sim… eu detecto anjos a quilómetros de distancia! Até te adianto mais… ele salvou-te à pouco tempo!

- Ana Margarida?! Não posso crer!

-Ela não apareceu nas vossas vidas por acaso…

Joana agarrou no meteorito e mandou-o contra o chão. Arrancou de lá o dom e foi até à casa de Ana margarida. Quem abriu a porta foi a pequenina que sorriu.

-Ent’em! O mê pai ‘tá ‘li!

Ana margarida saiu da cozinha com as pegas na mão e com o avental com pingos de óleo marcados, satisfeito da vida e parou ao pé de Tiago e Joana que sacudiram os pés da terra molhada da chuva.

-Olá, boa noite! Se quiserem ainda podem jantar!

-Acho que quando vires isto, vais perder a fome! Nós precisamos que nos faças um favor!

Dito isso, Joana tirou o amuleto do bolso e amostrou-o a Ana. Esta abriu os olhos de forma aterradora e lembrou-se de tudo.

-Eu não vou voltar a ser isso!

-É temporário! Eles dizem que depois tens de lhes devolver o dom. só não entendo se serás suficiente para 30 demonios.

-Eu era a superior de muitos anjos!

-Quer dizer que viste Deus?

-Não! Não era boa o suficiente para anjo.

Ricardo ao ouvir aquela conversa levantou a sobrancelha, interrogativo e perguntou:

-Mas que raio se passa aqui?

 Joana acordou em casa e tinha uma toalha na cabeça.

-‘Tavas nos 40!

-Graus?!

-Yah! Depois de te ter trazido para casa coemçaste a ferver!

-Mas e o casal?

-O casal está morto…queres o quê?! Ir ao casamento deles no céu?

-És mesmo estúpido!

Tiago abriu os olhos. Aquela voz não era de Joana muito menos de uma mulher. Olhou para trás e viu o anjo.

-Vocês em vez de estarem a brincar com a morte dos outros deviam era descobrir que raio se passa na igreja!

-Desculpe? Não deviam ser os anjos a descobrirem isso? Vocês é que protegem a casa do Senhor!

-Enquanto vocês caçam gambozinos nós andamos a caçar 300 demónios!

Joana levantou o sobrolho levantou-se lentamente e olhou para o anjo furiosa. Este esticou o braço e fê-la ajoelhar-se com dores de cabeça.

-tu és um demónio, e eu não gosto de demonios me olhem dessa maneira por isso baixa a bolinha!

Tiago ainda ía começar a ripostar quando outro homem de fato preto entrou.

-Se vocês não resolverem as coisas iremos limpar a vila! – disse ajeitando  a gravata.

-Limpar como assim?... Espera lá, matar tudo o que existir aqui?!

-Exacto! Para quem não sabe é costume à vários anos, basta apenas que deus ordene!

Dito isso, desapareceram ambos. Joana e Tiago ficaram de boca aberta.

-Ameaçaram-nos e obrigaram-nos a…

-Ó Joana?! É melhor começarmos a investigar.

-Ham… posso entrar? Posso ajudar se tirarem o sal da porta – disse Liliana. Tiago foi até à porta e fez um risco no sal para a deixar passar.

-Eles querem apanhar dois ceifeiros de almas para poderem trazer à vida um demónio capaz de eliminar os anjos num estalar de dedos.

-Eles… demónios?!

-Sim, cerca de 30. Se os apanharem seria um grande avanço!

-para que querem eles trazer o demónio de volta precisamente na igreja?!

-Vocês sabem o que era a Inquisição?!

-Sei, eram os que estavam envolvidos na igreja, que acreditavam em deus e perseguiam todos os impuros, do estilo, bruxos, não-crentes, jesuítas… mesmo aqueles que não faziam nada! Mas que tem isso a ver? – Disse Tiago a reviver as aulas de história já um pouco confusas na sua cabeça.

-Nesta igreja, quer dizer, antes de ser uma igreja foi um local onde se condenava as vítimas da inquisição. Imagina o que é espíritos sedentos de vingança?! Iriam querer matar tudo o que fosse crente em deus ou mesmo que não fosse… era uma limpeza geral!

-Olha Tiago… de uma maneira ou de outra vai haver limpeza geral!

-Podes crer! Maldita igreja men…

 Joana acordou e era dia de natal. Olhou para o lado e viu que o aquecedor permanecia aceso. Saltou da cama a tremer, desligou-o e abriu a portada. Pouco depois dos seus olhos se habituarem à luz ficou maravilhada: o jardim tinha um leve manto branco, mas a derreter por causa do sol ténue. Vestiu o roupão e foi até à sala. estava sozinha como agora quase sempre estava. A mãe tinha ido passar a noite de natal a casa do “padrasto” de Joana e esta sem querer relembrou os tempos de criança quando abria os presentes com a mãe e o pai que fazia os possíveis e impossíveis para passar o natal com a sua filha. Abriu os presentes que estavam na árvore de natal feita à pressa dias antes do natal e nada de especial a esperava: Ricardo e Ana deram-lhe um perfume daqueles caros para compensar do risco que ela e Tiago passaram para salvar Tiago; por sua vez a mãe deu-lhe um pijama embrulhado e só restava o presente de Tiago. Era tão pequeno que Joana estranhou. Era nem mais nem menos do que um colar de diamantes. Ela arregalou os olhos de tantas faíscas que os brilhantes deitavam e sorriu.

-Vamos à igreja?! – perguntou Tiago que tinha entrado em silencio.

-fazer?!

-É domingo e como há missa…

-Eu sou agnóstica… já não sei sequer se estamos a lutar por algo de bom para deus ou não, nem sabemos se ele afinal de contas é o tão aclamado “bom da fita”!

-De qualquer maneira eu quero ir! Sempre fui quando era pequeno! Por isso vens também!

Joana baixou a cabeça e foi-se vestir um pouco contrariada. Pouco depois saíram.

Ao entrarem na igreja, todos os olhos se viraram para eles e para as suas roupas. Ela, de jeans e blusa de gola alta roxa e um colar com um crucifixo e um pentágono virado ao contrário parecia mais que vinha fazer algum bruxedo e ele com um pulôver preto e jeans também. As pessoas comentaram as roupas e o facto de estarem juntos depois de se terem separado por causa do bebé que perderam. O padre ao ver os recém-chegados  e baixou a cabeça. Iniciou-se pouco depois a missa. Ao fim de algum tempo Tiago cabeceava no ombro de Joana e esta atenta à leitura de passagens da bíblia recordava o anjo que a queria ajudar e mergulhou no seu pensamento. Depois do padre findar aquele enorme discurso sobre o amor, Deus e a família chamou um casal de apaixonados que estavam prestes a casar. Joana prestou-lhes atenção e olhou para Tiago que também pensara no mesmo que ela. De repente as portas da igreja fecharam-se e um fumo negro tapou as janelas deixando a igreja com uma luz muito fraca direccionada para o altar. Lá, por entre as sombras um fantasma apareceu com uma faca na mão aos gritos e cortou a cabeça ao casal. Por todos os lados uma onda gigante de pânico provocada pelos paroquianos abalava toda a igreja, Joana levantou-se a tremer e logo em seguida todo o seu terror passou a fúria e ela concentrou-se mentalmente. De si começou a sair uma luz tão intensa e branca que todos deixaram de conseguir ver fosse o que fosse. Todo o fumo que estava nas janelas, paredes e portas desapareceu e deixou de haver escuridão. A porta da rua voltou a abrir mas ninguém saiu porque com a luz branca lhes encandeava os olhos. Joana sem força e a sangrar do nariz como uma torneira desmaiou já sem forças para nada. Toda a luz se dissipou e Tiago pôde voltar a vê-la. Foi então que decidiu levá-la…